CBMI 2025: Tudo que Você Precisa Saber Hoje

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CBMI 2025 – Ventilação Mecânica Invasiva em Pediatria

O Congresso Brasileiro de Medicina Intensiva (CBMI 2025) trouxe à tona importantes discussões sobre a ventilação mecânica invasiva em pediatria, enfatizando a necessidade de um enfoque individualizado. Durante a Sessão Temática VM 02, especialistas abordaram questões cruciais relacionadas à ventilação mecânica, destacando a importância da proteção pulmonar e a manutenção eficaz das trocas gasosas.

Ventilação Protetora em Pediatria

O Dr. José Roberto Fioretto, em sua apresentação, enfatizou o conceito de ventilação protetora, que é fundamental para evitar lesões pulmonares induzidas pela ventilação mecânica (VILI). Ele destacou que o volume corrente deve ser limitado a menos de 6 a 8 mL/kg, assim como a pressão de platô deve ser mantida abaixo de 28 cmH₂O. O uso criterioso da pressão positiva ao final da expiração (PEEP) é essencial para prevenir o colapso alveolar. Adaptar a estratégia ventilatória com base na complacência e no fenótipo da lesão pulmonar foi apontado como um passo crucial na redução do risco de VILI.

Desafios da Ventilação Prolongada

A Dra. Adriana Koliski discutiu as principais causas e consequências da ventilação mecânica prolongada em crianças, que incluem fraqueza muscular adquirida, disfunção diafragmática e infecções associadas ao ventilador. A importância do screening precoce para desmame foi ressaltada, assim como a necessidade de estratégias de mobilização e fisioterapia intensiva. Protocolos integrados para sedação e analgesia foram também sugeridos como parte de uma abordagem abrangente.

Ventilação na Doença Obstrutiva

O Dr. Toshio Matsushima focou no manejo de pacientes pediátricos com obstrução das vias aéreas inferiores, como asma grave e bronquiolite. Ele discorreu sobre a necessidade de ajustar os tempos expiratórios, limitar a PEEP intrínseca e prevenir a auto-PEEP. A monitorização contínua de curvas pressórico-fluxo-volume foi destacada como uma prática essencial, juntamente com o uso de modos ventilatórios que favoreçam o sincronismo entre paciente e ventilador.

Monitoração Contínua e Segurança

A Dra. Cintia Johnston ressaltou a importância da monitoração respiratória contínua para prevenir VILI. A interpretação conjunta de variáveis como pressão de platô, driving pressure, PEEP e complacência dinâmica é vital para ajustar as estratégias ventilatórias de forma individualizada. Essa abordagem pode fazer uma diferença significativa na segurança do paciente.

Integração de Tecnologias de Imagem

Foi enfatizada a necessidade de integrar parâmetros ventilatórios clássicos com tecnologias de imagem funcional, como ultrassonografia pulmonar e capnografia volumétrica. Essas tecnologias permitem uma avaliação em tempo real do recrutamento alveolar e da homogeneidade da ventilação, aprimorando a eficácia do tratamento.

Avaliação da Função Diafragmática

A avaliação precoce da função muscular respiratória, incluindo medidas como espessamento diafragmático por ultrassonografia e pressão inspiratória máxima, foi apresentada como uma estratégia para otimizar o momento do desmame e minimizar as falhas de extubação. Essa abordagem proativa é fundamental para melhorar os resultados em pacientes pediátricos críticos.

Monitoração Hemodinâmica e Pulmonar

A Dra. Cintia Johnston também destacou a importância de correlacionar a ventilação com parâmetros de perfusão e débito cardíaco. Essa perspectiva é especialmente relevante em crianças críticas, onde a interação entre coração e pulmão pode complicar o quadro clínico, principalmente na presença de disfunção cardiovascular ou hipertensão pulmonar.

Pontos Práticos para a Prática Clínica

  • Utilize a complacência dinâmica: Monitorar a tendência da complacência ajuda a identificar recrutamento ou hiperinsuflação precoce, orientando ajustes de PEEP e volume corrente.
  • Correlacione capnografia e volume corrente: A forma da curva de CO₂ pode indicar hipoventilação ou obstrução das vias aéreas.
  • Observe o diafragma em tempo real: O uso de ultrassonografia diafragmática pode ajudar a detectar fadiga ou inatividade precoce.
  • Integre a avaliação hemodinâmica: As oscilações de pressão nas vias aéreas podem impactar o retorno venoso e o débito cardíaco.
  • Transforme dados em decisões: A interpretação de tendências, em vez de números isolados, pode melhorar a tomada de decisões clínicas.

Considerações Finais

O CBMI 2025 destacou a importância de individualizar a ventilação mecânica pediátrica, buscando um equilíbrio entre a proteção pulmonar e a manutenção das trocas gasosas. Focar na prevenção de lesões, na redução do tempo de ventilação e na preservação da função muscular respiratória é essencial para melhorar os resultados clínicos em pediatria.

Referências Bibliográficas

  • Rotta A, et al. Respiratory Care. 2025 May; 70(5):574-582. DOI: 10.1089/respcare.12810
  • Caviedes P, et al. How to quantify respiratory effort and drive in critically ill children? Intensive Care Med – Paediatr Neonatal. 2025;3:37. doi:10.1007/s44253-025-00098-x

Nota de Responsabilidade: Os conteúdos apresentados no Saúde Business 365 têm caráter informativo e visam apoiar decisões estratégicas e operacionais no setor da saúde. Não substituem a análise clínica individualizada nem dispensam a consulta com profissionais habilitados. Para decisões médicas, terapêuticas ou de gestão, recomenda-se sempre o acompanhamento de especialistas qualificados e o respeito às normas vigentes.

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