
SUS ofertará implante contraceptivo ainda neste ano, anuncia ministro da Saúde
O Sistema Único de Saúde (SUS) irá disponibilizar gratuitamente o implante hormonal contraceptivo conhecido como Implanon. A decisão foi aprovada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) e a expectativa é de que 500 mil dispositivos sejam oferecidos ainda em 2025, conforme anunciado pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
O implante, que pode ter um custo de até R$ 4 mil na rede particular, sendo R$ 1 mil referente ao dispositivo e R$ 3 mil para a aplicação, será uma opção para mulheres adultas entre 18 e 49 anos. Atualmente, essas mulheres têm acesso apenas ao DIU de cobre como método contraceptivo reversível de longa duração.
Atualmente, o Implanon é oferecido pelo SUS apenas para grupos específicos, incluindo mulheres vivendo com HIV/AIDS que usam a medicação dolutegravir, pacientes em tratamento com talidomida ou tuberculose com aminoglicosídeos, além de mulheres privadas de liberdade e trabalhadoras do sexo. O Ministério da Saúde deve divulgar em breve a portaria que oficializa a inclusão desse método, e após sua publicação, as áreas técnicas terão um prazo de 180 dias para implementar a oferta, o que envolve a atualização das diretrizes clínicas, aquisição e distribuição do insumo e capacitação de profissionais de saúde.
Contracepção e políticas públicas de saúde
A ginecologista Ilza Maria Urbano Monteiro, presidente da Comissão Nacional Especializada em Anticoncepção da Federação Brasileira das Associações em Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), expressou o apoio da entidade a essa nova medida. Segundo ela, aumentar a oferta de métodos contraceptivos é fundamental para garantir que mais mulheres possam encontrar uma opção que se adeque às suas necessidades individuais. “Quando há uma maior variedade de métodos disponíveis, a chance de adesão adequada aos métodos contraceptivos aumenta significativamente”, afirmou.
O Implanon é classificado como um método reversível de longa duração e alta eficácia (LARC, na sigla em inglês), assim como os DIUs de cobre e hormonal. Esses métodos são considerados mais eficazes no planejamento reprodutivo, pois não dependem do uso contínuo ou correto pela usuária, ao contrário dos anticoncepcionais orais ou injetáveis.
O acesso a métodos contraceptivos não apenas previne gravidezes indesejadas, mas também é uma estratégia importante na redução da mortalidade materna, alinhando-se aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). O Brasil tem como meta até 2027 reduzir em 25% a mortalidade materna geral e em 50% entre mulheres negras. Ilza destaca que o desafio agora é garantir que o implante chegue a todas as mulheres que necessitam dele. “Isso dependerá da infraestrutura do SUS, que esperamos que esteja cada vez mais organizada. Este é o momento ideal para a disseminação nacional desse método”, ressaltou.
Sobre o método
O implante subdérmico é um pequeno bastão de aproximadamente 3 cm de comprimento e 2 mm de diâmetro, que contém etonogestrel, um hormônio sintético que bloqueia a ovulação. A inserção do dispositivo é realizada no braço da mulher durante uma consulta médica, sob anestesia local. O funcionamento do implante se dá por dois mecanismos: ele impede a ovulação e espessa o muco do colo do útero, dificultando a passagem dos espermatozoides.
O dispositivo tem uma durabilidade de até três anos, período durante o qual não são necessárias intervenções adicionais. Após esse período, o implante deve ser removido e, caso a mulher deseje, um novo pode ser inserido na mesma consulta. A fertilidade da mulher retorna rapidamente após a remoção do implante.
Ilza enfatiza que o método é seguro e altamente eficaz, com uma taxa de falha estimada em cerca de 5 em cada 10 mil mulheres. No entanto, é importante ressaltar que o implante não oferece proteção contra infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), proteção que é garantida apenas pelo uso de preservativos. Ela também alerta que o implante contraceptivo não deve ser confundido com implantes hormonais que utilizam esteroides anabolizantes ou hormônios androgênicos, frequentemente utilizados para fins estéticos e conhecidos como “chips da beleza”, prática que é proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
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