Radioterapia em Tumores Urológicos Além do Câncer de Próstata

Radioterapia em Tumores Urológicos: Uma Abordagem Abrangente

A radioterapia se firmou como um dos principais tratamentos para o câncer de próstata, sendo frequentemente utilizada em conjunto com a cirurgia. Um estudo clínico intitulado PACE-A, publicado na revista European Urology, demonstrou que a radioterapia ultrahipofracionada, que pode tratar o tumor em apenas cinco frações, apresenta resultados comparáveis aos da prostatectomia radical. Além disso, essa abordagem traz benefícios significativos em termos de qualidade de vida e menor impacto na rotina dos pacientes.

O radio-oncologista Wilson José de Almeida Jr., presidente eleito da Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT), destaca que essa técnica representa uma das principais inovações no tratamento do câncer de próstata, permitindo manter a eficácia terapêutica com menos idas ao hospital e uma excelente tolerância.

Os resultados de cinco anos do estudo PACE-B, apresentados na conferência ASTRO 2024, reforçam essa evidência. O estudo envolveu 874 pacientes com câncer de próstata localizado e mostrou que a radioterapia estereotáxica corporal não foi inferior à radioterapia convencional, apresentando taxas de controle bioquímico superiores a 95%. Além disso, os efeitos colaterais urinários e intestinais foram raros e leves.

Na prática clínica, a técnica de cinco frações já é considerada um novo padrão de tratamento para tumores de risco baixo e intermediário, unindo eficácia, conveniência e preservação funcional.

Radioterapia em Tumores Renais

A radioterapia ablativa tem demonstrado alta eficácia no controle local de tumores renais em pacientes inoperáveis ou com rim único. Esta abordagem não se limita ao tratamento de tumores primários; ela também é utilizada em metástases de origem renal, ajudando a retardar ou até evitar o início de terapias sistêmicas mais agressivas. Almeida Jr. explica que a SBRT oferece uma alternativa segura e altamente eficaz à cirurgia, especialmente para pacientes com limitações clínicas.

Adicionalmente, técnicas avançadas como a protonterapia permitem que a energia seja liberada diretamente no tumor, poupando tecidos renais saudáveis e preservando a função do órgão.

Tratamento Conservador da Bexiga

O tratamento conservador da bexiga, que combina radioterapia e quimioterapia, tem se mostrado uma opção eficaz em casos selecionados de câncer músculo-invasivo. Essa abordagem possibilita a preservação do órgão e da qualidade de vida dos pacientes.

Radioterapia em Tumores de Testículo

Nos tumores de testículo, especialmente os seminomas, a radioterapia adjuvante continua sendo um componente essencial do cuidado oncológico. A radiação, administrada em doses altamente direcionadas, é eficaz na destruição de células malignas residuais após a cirurgia e na redução significativa do risco de recidiva. Embora a técnica possa causar fadiga ou queda temporária na contagem de espermatozoides, esses efeitos são transitórios e podem ser bem manejados.

Avanços na Radioterapia

Nos últimos anos, a radioterapia tornou-se mais precisa e acessível, graças à incorporação de sistemas de imagem guiada (IGRT), planejamento tridimensional e modulação de intensidade (IMRT e VMAT). Essas tecnologias permitem ajustes nas doses com exatidão milimétrica, minimizando a exposição de tecidos vizinhos e garantindo um tratamento mais seguro e eficaz.

A revolução tecnológica na radioterapia é resultado da colaboração entre físicos médicos, enfermeiros e radio-oncologistas, que trabalham juntos para garantir a segurança e a eficácia dos tratamentos.

Conscientização sobre Câncer Urológico

Embora o mês de Novembro Azul seja tradicionalmente associado à conscientização sobre o câncer de próstata, é fundamental que o movimento inclua uma visão mais ampla sobre outros tumores urológicos. De acordo com estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), 71.730 brasileiros devem ser diagnosticados com câncer de próstata em 2025, representando cerca de 30% de todos os tumores masculinos. O câncer de bexiga atingirá aproximadamente 11.370 brasileiros, sendo 7.870 homens, enquanto o câncer renal apresenta uma incidência de 7 a 10 casos por 100 mil habitantes. O câncer de testículo é mais comum entre jovens de 15 a 35 anos, com altas taxas de cura quando diagnosticado precocemente.

Fatores de Risco dos Cânceres Urológicos

Os principais fatores de risco para os cânceres urológicos incluem:

  • Idade: O risco de câncer de próstata, por exemplo, aumenta a partir dos 50 anos.
  • Genética: Homens negros e aqueles com histórico familiar da doença ou mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 estão em maior risco.
  • Hábitos de vida: A obesidade e o tabagismo podem aumentar a agressividade da doença e a chance de recidiva.
  • Condições clínicas: O câncer de testículo está relacionado à criptorquidia (testículo não descendido) e a antecedentes familiares.

No câncer renal, o risco está associado à idade avançada, tabagismo, obesidade e hipertensão arterial, além de síndromes genéticas raras. Já o câncer de bexiga é fortemente ligado ao tabagismo, devido à liberação de substâncias tóxicas na urina que danificam o revestimento do órgão.

Outros fatores de risco incluem exposição ocupacional a produtos químicos, tratamentos prévios com quimioterapia ou radioterapia pélvica, infecções urinárias crônicas e histórico pessoal ou familiar de tumores no trato urinário.


Nota de Responsabilidade: Os conteúdos apresentados no Saúde Business 365 têm caráter informativo e visam apoiar decisões estratégicas e operacionais no setor da saúde. Não substituem a análise clínica individualizada nem dispensam a consulta com profissionais habilitados. Para decisões médicas, terapêuticas ou de gestão, recomenda-se sempre o acompanhamento de especialistas qualificados e o respeito às normas vigentes.

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