
Incidência de Neoplasia Anal em Homens e Mulheres com e sem HIV
O carcinoma anal, embora considerado raro, tem demonstrado um aumento significativo em sua incidência, especialmente em países de alta renda. Este tipo de câncer é mais frequentemente encontrado na forma de carcinoma espinocelular (CEC), que está fortemente associado à infecção pelo papilomavírus humano (HPV) de alto risco. De acordo com uma meta-análise, o HPV foi identificado em aproximadamente 84% dos casos de câncer anal.
Análise da Incidência de Neoplasia Anal
Na África do Sul, foi observado um aumento na incidência de câncer anal tanto em homens quanto em mulheres entre os anos de 1994 e 2021. Esse crescimento acompanha as altas taxas de infecção por HPV e HIV na população. As pessoas vivendo com HIV (PVHIV), especialmente aquelas que apresentam imunossupressão avançada, têm um risco significativamente maior de desenvolver câncer anal. Estima-se que cerca de 21% dos homens e 3% das mulheres diagnosticados com CEC anal sejam portadores do HIV, com uma prevalência maior em países de alta renda, onde o comportamento sexual entre homens que fazem sexo com homens (HSH) contribui para a transmissão do HIV e do HPV.
Progressão da Carcinogênese Anal Induzida pelo HPV
A carcinogênese anal induzida pelo HPV ocorre em um processo gradual, que começa com a infecção viral e pode evoluir para neoplasia intraepitelial anal, culminando, em casos mais severos, no câncer invasivo. O estudo ANCHOR, realizado nos Estados Unidos, demonstrou que o rastreamento e o tratamento de lesões anais de alto grau podem reduzir significativamente o risco de câncer anal em PVHIV. Embora o rastreamento de rotina não seja recomendado para a população em geral, as diretrizes internacionais sugerem que o rastreamento direcionado seja priorizado para grupos de risco, incluindo PVHIV, HSH e mulheres com lesões pré-cancerosas associadas ao HPV.
Descrição do Estudo
Foi conduzido um estudo de coorte utilizando dados de um plano de saúde na África do Sul, abrangendo o período de 2011 a 2020. O estudo incluiu 1.068.915 indivíduos, dos quais 7% eram portadores do HIV. Durante um acompanhamento que totalizou 3,9 milhões de pessoas-ano, foram registrados 122 casos de câncer anal, resultando em uma taxa bruta de 3,1 casos por 100.000 pessoas-ano. O risco de desenvolver câncer anal foi quatro vezes maior entre aqueles que vivem com HIV (hazard ratio ajustado de 4,43; intervalo de confiança de 95%: 2,44–8,04). Além disso, o risco também aumentou em indivíduos mais velhos (com 65 anos ou mais), pessoas com histórico de verrugas genitais e, especificamente entre as mulheres, aquelas que apresentaram lesões cervicais pré-cancerosas anteriormente.
Implicações Práticas
O estudo concluiu que o câncer anal representa um risco elevado entre PVHIV e outros grupos vulneráveis. Portanto, é fundamental que estratégias de rastreamento e tratamento de lesões precursoras sejam implementadas prioritariamente para esses indivíduos, visando a redução da carga da doença. O investimento em campanhas de conscientização e a disponibilização de serviços de saúde adequados são essenciais para proteger as populações em risco.
Referências
Verónica N, et al. Anal cancer incidence rates among men and women with and without HIV in South Africa. Open Forum Infectious Diseases. 2025 Sep 1;12(9):ofaf537. DOI: 10.1093/ofid/ofaf537.
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