Imunizações em Adultos na CBCM 2025: O Que Você Precisa Saber

CBCM 2025: Imunizações em Adultos – Principais Aspectos e Disponibilidade no País

No contexto do 18º Congresso Brasileiro de Clínica Médica, realizado em Recife/PE, foram discutidos tópicos essenciais relacionados à imunização em adultos, com ênfase nas vacinas disponíveis e sua importância para a saúde pública. O Dr. Eduardo Jorge, pediatra e representante da Sociedade Brasileira de Imunizações, apresentou uma visão abrangente sobre a trajetória do Programa Nacional de Imunizações (PNI), que desde sua criação em 1973, tem se mostrado um patrimônio fundamental para a saúde coletiva no Brasil.

A História da Vacinação

A vacinação, que remonta a Edward Jenner em 1796, transformou-se ao longo dos anos em um pilar da saúde pública. Durante as pandemias, como a da Covid-19, observou-se como as crises sanitárias podem impulsionar inovações científicas e provocar mudanças sociais significativas. A Covid-19, em particular, reavivou debates sobre vacinas e expôs a fragilidade da imunidade coletiva, especialmente em um cenário onde movimentos antivacina ganharam destaque.

O Dr. Jorge ressaltou a importância de educar a população sobre o fenômeno do “gênio não vacinado”, que se refere a indivíduos que acreditam estar protegidos sem a vacinação, mas que, na verdade, se beneficiam da imunidade coletiva proporcionada pela vacinação em massa. É crucial que a comunicação sobre os benefícios das vacinas, muitas vezes silenciosos e de longo prazo, seja ampliada e clara.

Vacinas Relevantes para Adultos

Entre as vacinas indispensáveis para adultos, a vacina contra a influenza se destaca. Especial atenção deve ser dada a grupos vulneráveis, como idosos acima de 65 anos, que enfrentam o fenômeno da imunossenescência, resultando em uma resposta vacinal reduzida. Para essa população, recomenda-se a vacina anual na forma de alta dose, que contém quatro vezes mais antígeno, sendo também indicada para obesos e imunocomprometidos. A influenza não causa apenas pneumonia, mas também aumenta o risco de AVC e síndrome coronariana aguda, o que torna a imunização ainda mais crucial.

Vacina Pneumocócica

O Streptococcus pneumoniae permanece como um agente etiológico significativo, responsável por diversas infecções, incluindo otites, sinusites e pneumonia. A vacina 20-valente (VPC20), que oferece uma cobertura mais ampla em dose única, está gradativamente substituindo o esquema vacinal anterior (VPC13/VPC15 seguido pela VPP23). É importante ressaltar o efeito de proteção cruzada entre crianças vacinadas e idosos, onde a imunização em uma faixa etária beneficia a outra, criando uma rede de proteção intergeracional.

Vacina Contra Herpes Zoster

Introduzida no Brasil em junho de 2022, a vacina Shingrix® é indicada para todos os indivíduos acima de 50 anos e para aqueles imunossuprimidos a partir dos 18 anos. Ela não apenas reduz a incidência de neuralgia pós-herpética, mas também demonstra potenciais benefícios cardiovasculares e neurológicos. Estudos recentes indicam uma redução de 16% a 18% no risco de AVC e infarto após a vacinação, além de uma diminuição de 17% na incidência de demência, especialmente do tipo Alzheimer, entre vacinados.

Vacinação contra Covid-19

A vacinação contra a Covid-19 continua a ser amplamente recomendada, especialmente para grupos prioritários como pessoas acima de 60 ou 65 anos, imunocomprometidos, profissionais de saúde, crianças entre 6 meses e 5 anos, e gestantes. As vacinas de RNA mensageiro têm se mostrado superiores em termos de eficácia e resposta imune sustentada. A emergência de novas variantes, como a variante XFG, exige vigilância constante e reforça a necessidade de uma convivência adaptativa com o SARS-CoV-2, similar ao que já se observa com outros vírus respiratórios.

HPV e Vírus Sincicial Respiratório: Novas Fronteiras na Prevenção

O Dr. Jorge finalizou sua apresentação enfatizando a importância de aumentar a adesão às vacinas contra o HPV e o vírus sincicial respiratório (VSR). A vacina contra o HPV é fundamental para a prevenção do câncer de colo do útero, que ainda representa uma significativa causa de mortalidade entre mulheres no Brasil. Apesar da eficácia demonstrada, a conscientização e a adesão da população, especialmente entre jovens adultos, precisam ser ampliadas.

Quanto ao VSR, a vacinação em gestantes representa um avanço significativo, pois oferece imunização passiva aos recém-nascidos, reduzindo as internações e complicações graves por infecções respiratórias. A vacinação também é recomendada para idosos com comorbidades, que apresentam um risco elevado de complicações.

Conclusão

Os profissionais de saúde desempenham um papel vital na educação e esclarecimento da população sobre a importância da vacinação, combatendo a desinformação. Embora as redes sociais possam amplificar medos relacionados a efeitos adversos, cabe à classe médica destacar os sucessos da vacinação e reafirmar que este ato é um compromisso com a ciência, a solidariedade e a saúde preventiva.

Referências Bibliográficas

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