
Inteligência Artificial Prevê Risco de Asma Grave em Crianças Pequenas
Pesquisadores da Mayo Clinic desenvolveram ferramentas de inteligência artificial (IA) que auxiliam médicos na identificação de crianças com asma que apresentam maior risco de exacerbações graves e infecções respiratórias agudas. Um estudo publicado no Journal of Allergy and Clinical Immunology revelou que essas ferramentas conseguem detectar esses riscos a partir dos 3 anos de idade.
O projeto faz parte da estratégia de saúde precure da Mayo Clinic, cujo objetivo é prever e prevenir doenças graves antes que elas se agravem. Utilizando tecnologias inovadoras e estudos populacionais, o precure foi criado para oferecer cuidados preventivos de forma antecipada aos pacientes.
Impacto da Asma na Saúde Global
Estima-se que a asma afete cerca de 262 milhões de pessoas em todo o mundo, conforme indicam estatísticas de saúde. Essa condição é uma das principais causas de faltas escolares e no trabalho, além de ser responsável por emergências médicas e internações hospitalares frequentes. As infecções respiratórias são os gatilhos mais comuns para crises de asma, mas os sintomas podem variar significativamente e mudar ao longo do tempo, dificultando a identificação das crianças mais vulneráveis.
Desenvolvimento das Ferramentas de IA
Os pesquisadores analisaram prontuários eletrônicos de mais de 22 mil crianças nascidas entre 1997 e 2016 no sudeste de Minnesota. Para interpretar esses dados em larga escala, foram desenvolvidas diversas ferramentas de IA que utilizam aprendizado de máquina e processamento de linguagem natural para extrair detalhes das anotações médicas.
Essas ferramentas coletaram informações relevantes, como sintomas e histórico familiar, permitindo a aplicação de duas listas de verificação diagnóstica amplamente utilizadas para asma em crianças pequenas: os Critérios de Asma Pré-Determinados e o Índice Preditivo de Asma. Essas listas são utilizadas pelos médicos para avaliar sinais como sibilos recorrentes, tosse persistente ou condições alérgicas.
Identificação de Subgrupos de Risco
As crianças que atenderam aos critérios de ambas as listas formaram um subgrupo distinto, com maior risco de complicações graves. Ao comparar esse subgrupo com as demais crianças do estudo, as diferenças tornaram-se evidentes. Aos 3 anos de idade, as crianças desse subgrupo apresentaram pneumonia duas vezes mais e infecções por influenza quase três vezes mais. Além disso, elas também mostraram taxas mais altas de crises de asma que exigiram tratamento com esteroides, emergências médicas e hospitalizações.
A infecção pelo vírus sincicial respiratório (VSR) também foi mais comum entre essas crianças durante os primeiros três anos de vida. A análise revelou que essas crianças tinham maior probabilidade de ter histórico familiar de asma, eczema, rinite alérgica ou alergias alimentares. Os exames laboratoriais mostraram sinais de inflamação alérgica, incluindo contagem elevada de eosinófilos e IgE específica para alérgenos, além de função pulmonar prejudicada.
Avanços na Medicina de Precisão
O Dr. Young Juhn, Mestre em Saúde Pública e professor de pediatria na Mayo Clinic, explica que “este estudo nos aproxima da medicina de precisão na asma infantil, onde o cuidado deixa de ser reativo, visando a detecção precoce de pacientes em alto risco”. O Dr. Juhn é responsável por diversos programas de pesquisa na instituição, incluindo iniciativas relacionadas à inteligência artificial e saúde socioeconômica.
Próximos Passos na Pesquisa
A equipe de pesquisa planeja testar essas ferramentas em contextos clínicos mais amplos, bem como em populações e sistemas de saúde mais diversificados. O intuito é combinar as ferramentas com dados biológicos para aprimorar a definição e o tratamento dos subtipos de asma de forma antecipada.
Além disso, está nos planos da equipe realizar um estudo sobre um composto que pode atenuar as respostas imunológicas hiperativas associadas à asma. Utilizando modelos celulares conhecidos como organoides, os pesquisadores esperam descobrir métodos para detectar e prevenir a asma infantil em larga escala.
Essa pesquisa foi financiada por uma bolsa R01 concedida pelos Institutos Nacionais da Saúde (NIH), refletindo a importância e o potencial impacto desse trabalho na saúde infantil.
Nota de Responsabilidade: Os conteúdos apresentados no Saúde Business 365 têm caráter informativo e visam apoiar decisões estratégicas e operacionais no setor da saúde. Não substituem a análise clínica individualizada nem dispensam a consulta com profissionais habilitados. Para decisões médicas, terapêuticas ou de gestão, recomenda-se sempre o acompanhamento de especialistas qualificados e o respeito às normas vigentes.
