Classificação ASA para Avaliação de Risco Anestésico no Pré

Classificação ASA: Guia para a Avaliação de Risco Anestésico no Pré-Operatório

No complexo cenário da medicina cirúrgica, a segurança do paciente é a prioridade máxima. Durante a fase de avaliação pré-operatória, é fundamental que o médico estime o risco anestésico e cirúrgico de um paciente, um passo crucial para o planejamento do procedimento. Neste contexto, a Classificação ASA (American Society of Anesthesiologists Physical Status Classification System) se torna uma ferramenta relevante.

A Classificação ASA é um sistema simples, mas essencial, que ajuda o médico, especialmente o anestesiologista, a identificar o estado físico geral do paciente antes de um procedimento cirúrgico. Esta classificação é amplamente adotada, não apenas em hospitais de alta complexidade, mas também em clínicas que realizam procedimentos de menor porte, tornando-se uma referência mundial na padronização da comunicação entre profissionais de saúde e na avaliação do risco anestésico.

O que é a Classificação ASA?

A Classificação ASA, oficialmente denominada ASA Physical Status Classification System, é um sistema que categoriza o estado físico do paciente. Trata-se de uma escala prática e amplamente aceita, utilizada para estimar o risco anestésico e cirúrgico de um indivíduo antes de qualquer procedimento cirúrgico ou invasivo. O foco da classificação está nas condições comórbidas pré-anestésicas do paciente, e não no tipo de cirurgia a ser realizada.

A sigla ASA refere-se à American Society of Anesthesiologists, a sociedade americana que desenvolveu este sistema de classificação. O termo “ASA score” é comumente utilizado para se referir ao nível atribuído ao paciente, que pode variar de ASA I (paciente saudável) a ASA VI (morte encefálica).

História da Classificação ASA

Desenvolvida em 1940, a Classificação ASA surgiu a partir de uma solicitação da American Society of Anesthesiologists a um grupo de médicos, visando criar um sistema padronizado para a coleta e tabulação de dados sobre anestesia. Inicialmente, o escore ASA possuía quatro classes, que variavam de pacientes saudáveis a pacientes com distúrbios sistêmicos graves. Com o tempo, foram adicionadas as classes V (paciente moribundo) e VI (paciente com morte cerebral), consolidando o sistema que conhecemos hoje. Desde sua criação, a classificação ASA se tornou um dos métodos mais aceitos para estimar o risco anestésico.

Propósitos da Classificação ASA

O objetivo central da Classificação ASA é estratificar o risco anestésico e cirúrgico, oferecendo um parâmetro padronizado para a avaliação clínica pré-operatória. Ao atribuir um nível, o médico pode:

  • Padronizar a comunicação: Facilita a interação entre equipes médicas ao fornecer uma descrição concisa do estado de saúde do paciente.
  • Apoiar a tomada de decisão: Contribui para o planejamento do manejo anestésico mais adequado e seguro.
  • Avaliar desfechos: Auxilia na pesquisa, permitindo a comparação de resultados cirúrgicos entre grupos de pacientes com riscos semelhantes.
  • Reduzir morbimortalidade: Identificando pacientes de maior risco cirúrgico, possibilita a implementação de medidas de otimização pré-operatória para diminuir a morbidade e a mortalidade pós-operatória.

Quando e por quem a ASA é aplicada?

A Classificação ASA é aplicada durante a avaliação pré-operatória, que ocorre antes do ato cirúrgico. Geralmente, essa avaliação é realizada pelo anestesiologista, que atribui o ASA score com base no histórico clínico, exames laboratoriais e no exame físico do paciente. A aplicação ocorre tanto em cirurgias eletivas quanto em emergenciais. Embora o anestesiologista defina o escore final, a classificação pode envolver discussões com outros especialistas, especialmente em casos de pacientes com comorbidades complexas.

Níveis da Classificação ASA

A Classificação ASA é dividida em seis níveis principais (I a VI), além da possibilidade de adicionar o sufixo “E” para indicar cirurgias de emergência. Cada nível representa um grau crescente de risco, conforme o estado físico do paciente:

  • ASA I: Paciente saudável, sem doença sistêmica. Exemplo: não fumante, sem doenças crônicas.
  • ASA II: Doença sistêmica leve, sem limitações funcionais significativas. Exemplo: hipertensão bem controlada.
  • ASA III: Doença sistêmica grave com limitações funcionais importantes. Exemplo: diabetes mal controlada.
  • ASA IV: Doença sistêmica grave que representa risco contínuo à vida. Exemplo: insuficiência cardíaca grave.
  • ASA V: Paciente moribundo, que não se espera sobreviver sem a cirurgia. Exemplo: trauma grave.
  • ASA VI: Paciente com morte encefálica, cujos órgãos estão sendo retirados para doação. Exemplo: doador em protocolo de morte encefálica.

A adição da letra “E” (do inglês Emergency) é utilizada para indicar uma cirurgia de emergência. Por exemplo, um paciente classificado como ASA III que necessita de uma cirurgia de emergência é designado como ASA IIIE.

Limitações da Classificação ASA

Embora a Classificação ASA seja uma ferramenta fundamental na avaliação pré-operatória, ela possui algumas limitações que precisam ser consideradas:

  • Subjetividade: A escala pode ser subjetiva, resultando em variações interobservador, onde diferentes avaliadores podem atribuir níveis distintos.
  • Não é um preditor exclusivo de risco: O ASA score reflete o estado clínico pré-anestésico, mas não prevê complicações específicas, como complicações cardíacas ou pulmonares.
  • Necessidade de complementação: Para uma avaliação completa, a classificação ASA deve ser utilizada em conjunto com outros critérios clínicos, como idade do paciente e tipo de procedimento cirúrgico.

Apesar dessas limitações, a Classificação ASA continua sendo essencial para a avaliação pré-operatória, padronizando condutas e orientando decisões clínicas com segurança.


Nota de Responsabilidade: Os conteúdos apresentados no Saúde Business 365 têm caráter informativo e visam apoiar decisões estratégicas e operacionais no setor da saúde. Não substituem a análise clínica individualizada nem dispensam a consulta com profissionais habilitados. Para decisões médicas, terapêuticas ou de gestão, recomenda-se sempre o acompanhamento de especialistas qualificados e o respeito às normas vigentes.

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