Diferenças entre Homens e Mulheres nos Cuidados de Saúde

Diferenças de Gênero nos Cuidados de Saúde: Uma Análise da Pesquisa Ipsos-Ipec

A obesidade é um fator de risco significativo que aumenta a probabilidade de desenvolvimento de câncer de mama e câncer de próstata, ambas as condições sendo as mais prevalentes no Brasil. Apesar da gravidade dessas informações, uma nova pesquisa realizada pela Ipsos-Ipec, a pedido da Pfizer, revela que tanto homens quanto mulheres ainda possuem um conhecimento limitado sobre os fatores de risco associados a essas doenças.

O estudo envolveu 1.740 participantes, homens e mulheres com idade a partir de 18 anos, residentes em São Paulo e nas Regiões Metropolitanas de Belém, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e no Distrito Federal, abrangendo uma amostra representativa de diversas regiões do Brasil. Dos entrevistados, 58% relataram já ter tido contato com o câncer, sendo que 6% eram ou foram pacientes, 72% tinham familiares afetados e 46% conheciam amigos ou colegas que enfrentaram a doença.

Preocupações com a Saúde: Entre Homens e Mulheres

Os dados da pesquisa mostram que o câncer é uma preocupação significativa para ambos os sexos. Quando questionados sobre suas principais preocupações relacionadas à saúde, 54% dos homens mencionaram o câncer como sua maior inquietação, juntamente com doenças que causam limitações físicas. Para as mulheres, o câncer aparece em segundo lugar, com 62% das participantes citando essa doença, sendo precedido por enfermidades que afetam a mobilidade.

Um dado alarmante é que muitos homens subestimam a gravidade do câncer de próstata: 48% dos entrevistados do sexo masculino desconhecem que essa doença é uma das principais causas de morte entre homens no Brasil. A diretora médica da Pfizer Brasil, Adriana Ribeiro, destaca que o medo do câncer é amplamente baseado na falta de informação, apontando que muitos não estão cientes dos fatores de risco, como a obesidade.

Percepção sobre Tratamento e Prevenção

Apesar do medo em relação ao câncer, há uma visão otimista sobre o tratamento, especialmente para o câncer de próstata. A pesquisa revelou que 65% das mulheres e 58% dos homens acreditam que a doença, quando diagnosticada precocemente, pode ser tratada com sucesso. A taxa de sucesso do tratamento pode superar 90% quando o câncer é detectado em estágios iniciais.

Entretanto, o estudo também revelou que muitos homens evitam procurar cuidados médicos, preferindo esperar até que sintomas se tornem incômodos. Em contraste, quase metade das mulheres (49%) realiza check-ups anuais independentemente de sintomas. Essa diferença pode estar relacionada a normas sociais que desencorajam os homens a buscarem assistência médica, especialmente em relação a questões que afetam a masculinidade, como o câncer de próstata.

Cuidados de Saúde Familiar

A pesquisa também revelou que as mulheres tendem a centralizar os cuidados de saúde na família. Quando questionados sobre quem é a pessoa mais envolvida nos cuidados de saúde em casa, 72% das mulheres responderam que elas mesmas desempenham esse papel, em comparação com apenas 41% dos homens. Essa responsabilidade é especialmente evidente entre os mais jovens, onde 41% dos entrevistados de 18 a 24 anos identificam a mãe como a principal cuidadora.

Educação e Conscientização sobre Fatores de Risco

A conscientização sobre os fatores de risco é crucial. A pesquisa indica que apenas 15% dos homens estão cientes de que indivíduos negros têm maior probabilidade de desenvolver câncer de próstata. A herança genética é frequentemente citada como o principal fator de risco, mas a idade é o verdadeiro determinante, com 90% dos diagnósticos ocorrendo em homens com mais de 55 anos.

Para o câncer de mama, as mulheres também subestimam a influência dos hábitos de vida. Embora 71% das mulheres acreditem que a herança genética é o principal fator de risco, a literatura médica indica que apenas 5% a 10% dos casos estão associados a essa herança. Além disso, apenas 36% das mulheres reconhecem o consumo de álcool como um fator de risco.

Exames e Dúvidas sobre Diagnóstico

A realização de exames regulares, como mamografias e exames de próstata, é vital para a detecção precoce. No entanto, muitas mulheres (56%) não entendem a necessidade de mamografias anuais, especialmente se outros exames não indicam alterações, e 52% subestimam a importância da regularidade na realização desses testes.

Entre os homens, existe um tabu em relação ao exame de toque retal, com 26% dos participantes em Belém expressando dúvidas sobre como o exame pode afetar sua masculinidade. Essa resistência pode contribuir para a falta de diagnóstico precoce e tratamento eficaz.

Impacto do Câncer na Vida Pessoal

O impacto emocional do câncer se estende além do paciente, afetando relacionamentos e a vida sexual. A maioria dos entrevistados (57% das mulheres e 41% dos homens) acredita que a vida sexual não seria uma preocupação em caso de um diagnóstico grave. No entanto, 8% dos homens admitiram que poderiam buscar relacionamentos extracurriculares, evidenciando diferentes reações à doença entre os gêneros.

Esses dados sublinham a importância de promover a educação e a conscientização sobre o câncer, seus fatores de risco, e a necessidade de cuidados médicos regulares. A pesquisa realizada pela Ipsos-Ipec revela não apenas as diferenças nas percepções de saúde entre homens e mulheres, mas também a necessidade urgente de abordar essas questões para melhorar a saúde pública e a qualidade de vida em geral.


Nota de Responsabilidade: Os conteúdos apresentados no Saúde Business 365 têm caráter informativo e visam apoiar decisões estratégicas e operacionais no setor da saúde. Não substituem a análise clínica individualizada nem dispensam a consulta com profissionais habilitados. Para decisões médicas, terapêuticas ou de gestão, recomenda-se sempre o acompanhamento de especialistas qualificados e o respeito às normas vigentes.

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