Obesidade Continua Sem Status de Doença na ONU

Obesidade continua sem reconhecimento como doença na ONU

A nova Declaração Política sobre Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs), a ser votada na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), está gerando controvérsias por não incluir a obesidade como uma doença reconhecida. Este documento, que visa abordar questões de saúde pública, falha em reconhecer a gravidade da obesidade, que afeta mais de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já havia recomendado um plano de aceleração para combater a obesidade, que orienta os países a reconhecerem a condição como uma doença e a integrarem sua prevenção e tratamento na atenção primária à saúde. Além disso, a OMS sugere a implementação de políticas de alimentação saudável e a tributação de alimentos ultraprocessados, além de ampliar o acesso a terapias eficazes para o controle da obesidade.

A importância do reconhecimento da obesidade

Para a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), é crucial que os líderes globais compreendam a seriedade da situação atual. Estudos apontam que, se nenhuma ação for tomada, o impacto econômico da obesidade poderá alcançar 3% do PIB mundial até 2030. Estas cifras alarmantes reforçam a necessidade de um compromisso sério por parte dos governos para enfrentar essa epidemia de saúde pública.

O presidente da Abeso, Fábio Trujilho, enfatiza que “a obesidade não pode mais ser ignorada como um dos maiores desafios de saúde pública do nosso tempo.” Ele destaca que é necessário que as políticas de saúde se baseiem em ciência e que haja uma mobilização efetiva para reduzir o impacto da doença e garantir a implementação de políticas de prevenção e tratamento que sejam eficazes.

Panorama da obesidade no Brasil

No Brasil, a situação também é preocupante. De acordo com o Atlas Mundial da Obesidade 2025, publicado pela Federação Mundial de Obesidade, 68% da população adulta apresenta sobrepeso (IMC acima de 25) ou obesidade (IMC acima de 30). Em 2021, mais de 60 mil mortes prematuras no país foram atribuídas a doenças crônicas relacionadas ao excesso de peso, evidenciando a gravidade da crise de saúde pública que o Brasil enfrenta.

Bruno Halpern, vice-presidente da Abeso e presidente eleito da Federação Mundial de Obesidade, critica a falta de reconhecimento da obesidade como uma doença crônica na nova declaração da ONU. Ele alerta que, ao não reconhecer o problema, a obesidade se tornará um tema marginalizado nas políticas de saúde pública. “Se não reconhecemos o problema, não teremos solução,” afirma Halpern, ressaltando a importância de incluir a obesidade nas discussões de saúde em nível global.

Propostas e ações necessárias

A Abeso defende que a obesidade deve ser oficialmente reconhecida como uma doença crônica e que o acesso a tratamentos eficazes, como os agonistas de GLP-1, seja garantido. Essa abordagem é fundamental para conter o avanço da obesidade e das enfermidades associadas. Além disso, a entidade reforça a necessidade de incluir a prevenção e o tratamento da obesidade na atenção primária em saúde.

É essencial que as pessoas que convivem com a obesidade sejam envolvidas na formulação de políticas públicas. A participação dessas pessoas pode proporcionar uma perspectiva valiosa sobre as dificuldades enfrentadas e as soluções que podem ser implementadas. A Federação Mundial de Obesidade também alerta que os governos precisam cumprir os compromissos já assumidos e adotar ações concretas para combater a obesidade. Sem essas medidas, será difícil avançar de forma consistente no enfrentamento das DCNTs.

Conclusão

A obesidade é um problema de saúde pública que não pode ser ignorado. O reconhecimento da obesidade como uma doença pela ONU e a adoção de políticas eficazes são passos cruciais para enfrentar essa epidemia global. Somente através de um esforço conjunto e baseado em evidências será possível garantir um futuro mais saudável para as gerações atuais e futuras.


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