
O Impacto do Acidente Vascular Cerebral (AVC) no Brasil
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das principais causas de morte e incapacidade tanto no Brasil quanto em diversas partes do mundo. Dados recentes indicam que, até 1º de outubro deste ano, o AVC resultou na morte de 64.471 brasileiros, o que equivale a uma morte a cada 6 minutos. Em comparação, o total de óbitos por infarto em 2024 foi de 77.935 pessoas.
Tipos de AVC
Os acidentes vasculares cerebrais podem ser classificados em dois tipos principais: o AVC hemorrágico e o AVC isquêmico. O AVC hemorrágico ocorre quando um vaso cerebral se rompe, provocando hemorragia. Essa hemorragia pode se dar dentro do tecido cerebral ou na superfície entre o cérebro e a meninge. Embora represente apenas 15% dos casos, o AVC hemorrágico tende a causar morte com mais frequência do que o AVC isquêmico.
O AVC isquêmico, que corresponde a aproximadamente 85% dos casos, acontece quando uma artéria está obstruída, impedindo a passagem de oxigênio para as células cerebrais, que, sem oxigênio, começam a morrer. A obstrução pode ser causada por um trombo (trombose) ou um êmbolo (embolia).
Identificação dos Sintomas
Reconhecer os sintomas de um AVC é vital, pois cada segundo conta. Segundo a neurologista Sheila Martins, presidente da Rede Brasil AVC, a cada minuto em que o AVC isquêmico não é tratado, a pessoa perde cerca de 1,9 milhão de neurônios. Os principais sinais de alerta incluem:
- Fraqueza ou formigamento na face, braço ou perna, especialmente de um lado do corpo;
- Confusão mental, alterações na fala ou na compreensão;
- Alterações na visão, que podem ocorrer em um ou ambos os olhos;
- Dificuldade de equilíbrio, coordenação, tontura ou alterações na marcha;
- Dor de cabeça súbita, intensa e sem causa aparente.
Ao identificar esses sintomas, é crucial acionar o SAMU (192) imediatamente. A rapidez no atendimento pode reduzir significativamente as sequelas e o tempo de internação.
Desigualdade no Tratamento
A especialista ressalta que o Brasil enfrenta uma desigualdade regional no acesso ao tratamento adequado para AVC. É fundamental expandir a rede de hospitais preparados para o atendimento rápido, com equipes treinadas e protocolos bem definidos. A implementação de terapias específicas, como a trombólise ou a trombectomia mecânica, pode trazer um impacto positivo significativo, permitindo que os pacientes se recuperem mais rapidamente e diminuam as sequelas, além de reduzir drasticamente os custos hospitalares.
Prevenção do AVC
Sheila Martins também destaca que até 80% dos casos de AVC podem ser evitados. O controle de condições como hipertensão, diabetes e colesterol, aliado a hábitos saudáveis, como atividade física regular, alimentação balanceada e abandono do tabagismo, é essencial para reduzir a incidência de AVC. A prevenção é mais eficaz e menos onerosa do que o tratamento, e deve ser uma prioridade.
Impacto Econômico do AVC
Além do impacto humano, o custo financeiro do AVC é alarmante. Um levantamento realizado pela Planisa, consultoria especializada em gestão de saúde, revelou que, entre 2019 e setembro de 2024, as internações por AVC custaram aproximadamente R$ 910,3 milhões. Desse total, R$ 417,9 milhões foram gastos com diárias em unidades críticas e R$ 492,4 milhões em diárias não críticas. Somente em 2024, até setembro, os gastos já ultrapassavam R$ 197 milhões.
A pesquisa analisou 85.839 internações em hospitais, com uma permanência média de 7,9 dias por paciente, resultando em mais de 680 mil diárias hospitalares. Destes, 25% ocorreram em Unidades de Terapia Intensiva, que apresentam custos mais elevados, enquanto 75% foram em enfermarias não críticas.
Esses números evidenciam que o AVC não é apenas um problema de saúde individual, mas um desafio coletivo significativo. Cada morte representa uma vida interrompida, e milhares de pessoas que sobrevivem enfrentam sequelas que requerem cuidados contínuos.
Portanto, a urgência de investir em prevenção, diagnóstico rápido e reabilitação é clara. Para transformar essa realidade, é necessário que o AVC seja tratado como uma prioridade nacional em saúde pública.
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